Medicamentos no trantorno do espectro autismo


Nosso cérebro é composto por 100 bilhões de neurônios, e cada neurônio em seu respectivo lugar exerce uma função. Função memorizar, aprender, falar, movimentar, sentir cheiro, emocionar, comportamentos enfim inúmeras funções onde alguma delas ocorre conscientemente e outras se quer imaginamos, porém lá eles estão trabalhando.

E entre um neurônio e outro existe o conhecido neurotransmissor. O que é um neurotransmissor?  São substâncias químicas produzidas pelo neurônio que servem para ativar ou inibir a continuidade de um estímulo, exemplo de neurotransmissor: dopamina, serotonina, ocitocina, glutamato, aceticolina, noradrenalina, adrenalina, endorfinas, encefalinas enfim... e cada uma dessa substância ela potencializa ou inibe o estimulo neuronal. E estes neurotransmissores em excesso ou em diminuição podem causar algum tipo de transtorno (Ex. pessoas com quadro de depressão tem depleção de serotonina, outro conhecido é a deficiência da dopamina na doença de Parkinson, o tremor de repouso).

Nosso cérebro é uma unidade que “trabalha” numa harmonia e quando algo está fora do “normal” vem as manifestações clínicas. Nos pacientes com transtorno do espectro autismo (TEA), já se sabe por pesquisas, que existem alterações, tanto no número de neurônios, quanto no tamanho destes neurônios, na produção e recaptação de neurotransmissores.

O meio direto de se tentar “modular” essa produção ou recaptação de neurotransmissores é através dos medicamentos. A finalidade do medicamento é: “profilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnóstico”.  No TEA, o medicamento se enquadra na profilaxia e como forma paliativa. Um dos grandes desafios é modular determinado grupos de neurotransmissores, pois no TEA sabe-se que é uma gama de neurotransmissores alterado.

O profissional capacitado para prescreve um medicamento é o MÉDICO. Ou seja, não é o vizinho, o farmacêutico ou um amigo e sim o MÉDICO. Quem pode aumentar a dose do medicamento? O MÉDICO. Quem pode diminuir a dose do medicamento? O MÉDICO. Quem pode interromper o uso de um medicamento? O MÉDICO. Infelizmente na clínica do dia-a-dia encontramos muitos pais ou cuidadores reduzindo ou aumentando dose medicamentosa por conta própria, ou pela “experiência” adquirida, e isso é perigoso.

Porém para o médico melhor prescrever o tipo, a dose do medicamento é necessário uma coisa: A coleta de informação fidedigna do quadro clínico do paciente, e quem passa essa informação?? São os pais.

Alguns pontos importante a observar: 1- ter sempre o número do celular do médico (pois o TEA, maioria dos casos é necessário esta aproximação paciente e médico);  2- NUNCA tirar e aumentar dose sem consentimento do médico. Por que? Porque quem prescreveu foi o médico e ele tem anotado no prontuário do seu paciente qual medicamento, qual a dose, pra qual indicação. (Exemplo, quando o pai levou o seu filho a consulta médica a queixa era que o filho estava tendo um comportamento de agressividade, o médico prescreve um medicamento numa dose, porém após 1 dia de uso deste medicamento o filho apresentou um pouco mais de sonolência, foi o medicamento? Foi a fadiga dos dias anteriores mal dormida? Foi o retorno de uma rotina? Enfim na precipitação e num julgamento o pai acha que foi efeito colateral ou a dose estava muito alta e reduziu por conta própria. Uma semana depois o filho apresenta outra crise de agressividade, imediatamente o pai liga para o médico e o médico aumenta a dose anterior do medicamento, supondo que o mesmo estava sendo administrado corretamente, pois 95% das vezes não é relatado para o médico que foi reduzido a dose por conta. Olha a bagunça feita). 3- Nem todo medicamento tem seu efeito de imediato (Ex. a Sertralina, um moderador da serotonina, onde o efeito almejado deste medicamento é após o uso continuo de 16 dias, logo não é com 1 comprimido que a pessoa estará curada da depressão).

Infelizmente o que se tem visto na clínica do dia a dia, alguns médicos fazendo diagnóstico em 10 min de TEA, ansiedade dos pais e grande expectativas nos medicamentos (medicamento ajuda, mas não é milagroso), e a troca da dosagem por conta própria (automedicameto). MEDICAMENTO É UMA COISA MUITO SÉRIA.

E outra forma de modular este mecanismo neuronal de neurotransmissores, de uma foram indireta, mas importante tanto quanto os medicamentos são os estímulos externos. É o meio em que vivemos! É o convívio entre as pessoas, o respeito, o falar, o ensinar.  Se eu grito com meu filho a tendência é ele gritar ou se fechar, se ele ver uma discussão ele pode ter uma crise de agressividade (quebrar um vidro). Se eu faço tudo pelo meu filho, dou comida na boca ele nunca irá aprender a comer sozinho, (essa independência medicamento não existe). Pare uma hora, duas ou três, esqueça seu chefe, seu trabalho, seus problemas e prestem mais atenção nos filhos, no que eles querem dizer com um olhar, com um sorriso, pare brinque, oriente, eduque afinal ele é seu bem maior.  

Finalizando a intervenção medicamentosa ajuda e muito no dia a dia do paciente TEA, muitos convivem muito bem sem nenhum tipo de medicamento. Mas o comportamento reflete diretamente nas atitudes das crianças com TEA, o interesse de conhecer a clínica, o filho, seguir orientações dos profissionais que atuam diretamente é fundamental para um bom desenvolvimento. Infelizmente o acreditar no medicamento como solução para todos os problemas é maior que o fato de encarar que uma mudança do seu dia a dia, da sua rotina é benéfico e tão importante na intervenção do TEA.

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“Sozinhos somos fracos, juntos seremos forte pela causa que abraçamos”

Rafael Fontenelle
Fisioterapeuta CREFITO 39854-F
AMA Litoral - SC

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