Texto de Victor Cordeiro Franchia - "Auto retrato"

Victor Cordeiro Franchia - Autor do texto
Nasci com alguns problemas mentais tais como Síndrome de Asperger e Distúrbio do processamento auditivo central, nasci com mais problemas mais vou dar uma breve falada de alguns problemas que mais me ajudaram a crescer, também fui gago. Tudo que vocês precisam saber desses problemas, é que eu tenho um leve grau de autismo, e tenho dificuldade em me relacionar com as pessoas, não entendo gírias nem piadas, e acostumava a seguir tudo ao pé da letra e ser muito ingênuo. Eu tinha certas fixações como pessoas de olhos puxados e na época eu era hiperativo e eu ficava falando “Olha mãe, olha mãe, ele tem os olhos puxados.” Os deixava um pouco envergonhados até. Eu era uma pessoa que tinha hiperatividade, e não parava quieto, sempre estava fazendo alguma bagunça, chamando atenção de alguma maneira, subindo nos moveis. Mas ai aconteceu algo que eu simplesmente me fechei. Não consigo mais ser hiperativo como era antes. 

Atualmente minha hiperatividade depois de tomar alguns remédios e ter dito certos bloqueios, se resume a andar de um lado e pro outro, de preferência dando voltas e fazendo movimentos repetitivos, morder minha língua e ficar fazendo varias coisas ao mesmo tempo na internet, conversar com varias pessoas ao mesmo tempo, ficar em chats de RPG, jogar jogos que exigem muita atenção. Escola nunca foi um lugar considerado bom pra mim, as minhas primeiras idas eu não conseguia ficar longe da minha mãe, eu chorava e ficava grudado nela, até que me enganaram e ela foi embora. Ai eu fui de baixo da mesa e fiquei chorando até minha mãe me buscar. Eu era uma criança que sempre me questionei de coisas e eu era um pouco mais inteligente que as outras crianças. Ou seja, brincadeiras de crianças nunca me agradaram, normalmente passava coisas tão simples que eu ficava angustiado, tudo que fugia da minha área de interesse se tornava chato, mas eu era obrigado a continuar a escola. 

Eu em um primeiro momento preferiria brincar sozinho, não gostava de dividir. Mas em minha cabeça eu sempre ouvia vozes, diversa vozes e em uns dos meus momentos solitários, uma voz começou a me explicar o que é vida, o que é o amor e da importância de se ter coleguinhas. Então foram tentar me interagir com as outras pessoas, na época eu era gago tentava falar com as outras pessoas e elas só riam de mim, tinha os pés tortos e eles riam da maneira que eu andava, falava, agia. Eu achava bem desconfortável estar diante dessas situações e eu resolvi parar de ficar na salinha, com os coleguinhas e ficar com os adultos ( Funcionários da escola. ) eu ficava fora da sala os ouvindo conversando até dar a hora de ir embora. 

Eu comecei a perceber uma grande diferença entre crianças e adultos, eu entendi que eu me dava melhor com adultos. Mas vira e mexe eu era obrigado a ficar dentro da sala, na qual por alguns problemas como a dislexia, dificuldade da coordenação motora a ponto de não conseguir nem em segurar em um lápis e hiperatividade eu tinha muito problema em ficar parado, sentado em uma cadeira ouvindo alguém falar principalmente se fosse algo que eu não me interessava, mas mesmo tentando aprender coisas como a ler e a escrever, eu simplesmente não conseguia, e nas aulas de matemática eu fazia cálculos de cabeça e dava os resultados na hora. Até que uma professora me deu um tapa no rosto, claro que não tenho nenhum rancor dela, nunca tive só fiquei um pouco surpreso de “Nossa.” E eu estava indo no medico na Unicamp e fazia tratamento com vários profissionais de diversas áreas. E o diretor com falta de profissionais especializados me encaminhou para uma sala especial. Onde eu tive uma professora especializada nos problemas e com ela eu aprendi as únicas coisas mais importantes que se pode aprender na escola, a ler e a escrever. Era uma sala com poucos alunos, todos com seus problemas e historias e eu fiz alguns “amigos” lá. 

Mas depois teve uma coisa chamada inclusão social, e as salas especiais não existiam mais e eu fui para a 2 serie sendo que eu era bem maior que os outros, e o conteúdo da 2 serie não tava me agradando nenhum pouco, tava entediante, um saco, a turma, os professores que não sabiam lidar mas era obrigado a conviver com eles, os temas fracos demais...que depois de tanto pedir eu fiz uma prova e eu fui para a 3 serie e a partir daí eu fui passando sem aprender nada. ( Graças a Deus. ) lidando com todos aqueles problemas até que eu cheguei na 6 serie e eu disse. “Chega de estudar.” Alguns anos se passaram e eu ficava só na internet, não lembro que idade tinha, mas eu era bem novinho. A conclusão que eu tinha que ficar só na internet é muito melhor do que lidar com aquele povo. Mas acho que só isso já da pra ter uma noção de como escola nunca foi um lugar bom pra mim. 

Aos 14 anos eu comecei a entrar em depressão por todos esses motivos e mais um pouco. Comecei então a fazer tratamento com psiquiatra e continuo até hoje com quase 20 anos. Ao passar dos tempos fui percebendo que o computador era apenas um passa tempo. E que eu precisava de muito mais que apenas ficar sentado em uma cadeira mexendo na internet... eu precisava de amigos para evoluir. A Cintia não conseguiu me deixar claro o que a igreja pensa sobre animes, mas seja la o que vocês pensem sobre isso, ver animes me ajudou bastante...animes para quem não sabe é um desenho japonês. Muito melhor que os desenhos brasileiros. Bom eu não gosto de quase nada que seja do Brasil mesmo. Por um exemplo, lá tinha situações e tinha personagens de personalidades de diversos tipos que me ajudava a refletir sobre a vida. Isso foi me ajudando a ser um pensador, e eu fui aprendendo coisas com alguns personagens como o naruto, o naruto não importava se falava mal dele, tentava matar ele, o que fizesse com ele, ele queria entender os outros e achar alguma forma de ajudá-los. Então isso foi uma coisa que eu aprendi com o naruto a nunca desistir de ninguém por mais que o caso parecesse complicado. 

Entre vários outros, tendo aprendido todas essas coisas eu comecei a sair mais de casa. No verão de 2007 eu estava todo dia na praia, andava por ela por mais que andar me incomodasse, fazia barras e tentava fazer amizade. Mas sem sucesso nenhum, e eu ficava lá sentando olhando as pessoas, e elas estavam sempre rindo, se divertindo brincando e comecei a me questionar. “Por que eles têm amigos que eu não tenho? Por que eles podem e eu não posso?” foi ai que eu percebi que era muito melhor eu ficar sentado na frente do computador, do que ficar na praia por que eu voltava bem pior. Mas sempre existiu algo dentro de mim, que falava por mais difícil que possa parecer que eu poderia desfrutar de coisas. Mas os dias foram passando, eu era humilhado em todo lugar que eu ia tanto dentro da internet e fora, as pessoas me fuzilavam e isso acabou fazendo com que eu “Morresse.” Que eu era um inútil entre outras coisas...que tinha algo extraordinário que fazia que todos meus esforços fossem em vão. Eu me sinto em um corpo espiritual todo queimado, com cicatrizes, sem as mãos... já me passou varias vezes pela a cabeça de ser fraco e cometer atrocidades. E foi nesses dias que veio algo dentro de mim e disse que compreendia a minha incompetência, mas mesmo assim que isso não era motivo para coisas, e que mesmo estando mutilado, tem algo dentro de mim que jamais morrerá... que é o amor. 

Eu decidi me espelhar em algumas pessoas tipo Jesus por um exemplo, se alguém batesse em umas das faces de Jesus, ele daria a outra. Isso é maneiras de desarmar as pessoas... de amá-las. Então eu estudo algumas religiões tirando desse conhecimento, para ser um mini psicólogo apesar de querer e não querer fazer psicologia, eu me sinto preparado para ouvir pessoas a falar, a tentar dar conselhos, e ajudá-las em pequenas coisas, mas as pequenas coisas que eu faço, faço com o coração e amando. Tipo tem pessoas que podem dar um pão inteiro para as pessoas... mas infelizmente eu só posso dar migalhas de pão para as pessoas por que é tudo que eu tenho a oferecer, e já que sou incapaz de dar um pão inteiro as pessoas, tenho que ficar feliz em dar apenas migalhas de pão, apesar de sempre procurar me aperfeiçoar, algumas frases que eu acho legal.
Relacionamento significa algo completo, acabado, fechado. “O amor nunca é um relacionamento: amor é relacionar-se - é sempre um rio fluindo, interminável.”
"Nunca existiu uma pessoa como você antes, não existe ninguém neste mundo como você agora e nem nunca existirá. Veja só o respeito que a vida tem por você. Você é uma obra de arte — impossível de repetir, incomparável, absolutamente única."
Não tente achar um atalho, porque não há atalhos. O mundo é uma luta, árduo, uma tarefa penosa, mas é assim que a pessoa chega ao pico.
Ame as pessoas comuns. Não há nada de errado com as pessoas comuns. As pessoas comuns são extraordinárias! Todo ser humano é único e exclusivo; tenha respeito por essa originalidade.
o texto que de prometi (Victor Cordeiro Franchia)

Texto sem alterações e de responsabilidade exclusiva do autor - Victor Cordeiro Franchia. Victor esta em atendimento na AMA Litoral desde outubro de 2012.


Nenhum comentário:

Postar um comentário